Curso de Horticultor Orgânico abriu leque de conhecimentos

30 jul 2021 Compartilhar

Contando com professores de seis diferentes estados do Brasil, o curso de Horticultor Orgânico apresentou aos alunos exemplos de como acontece a horticultura de norte a sul do país, mostrando realidades diversificadas e aumentando o leque de informações. Para a professora Luany Silva o curso oportunizou uma miscigenação de saberes, com disciplinas que possibilitaram vivenciar no cotidiano o que estava sendo ministrado. “Vejo nessa estrutura pedagógica uma forma de aproximar os conhecimentos técnicos e empíricos de forma dialógica, permitindo aproximar saberes das mais diversas áreas”, completou.

Essa interdisciplinaridade possibilitou um olhar diferenciado para o ensino. Assim, no início do curso, foi discutido com os professores sobre a importância de montar um setor de horticultura orgânica que pudesse ser utilizado como área prática para as aulas. Foi escolhida uma área de 200 m² e, enquanto os professores passavam as informações, o setor era construído. “Tudo foi planejado, desde a aquisição de materiais mínimos necessários, escolha do terreno, definição de um melhor manejo”, explicou Paulo Faria, coordenador do Novos Caminhos na UFRN.

MUDANÇAS NA ROTINA E NOS ESPAÇOS PARA UM APRENDIZADO HUMANIZADO

Em virtude da pandemia, com restrição de funcionários na Escola Agrícola e dificuldade de aquisição de materiais, algumas ações tiveram que ser improvisadas, segundo o relato do coordenador, que acompanhou as orientações e muitas vezes foi o responsável pelo manejo de plantação de sementes, mudas e limpeza do espaço. “Era um momento relaxante, uma vez que a ideia não era montar uma horticultura comercial, mas aprender, ensinar, produzir, exercitar-me em período de pandemia e ainda usufruir de algumas hortaliças produzidas com meu suor”, comemorou.

Horta foi produzida para auxiiar nas aulas práticas a distância. Foto cedida.


As imagens do desenvolvimento da horta eram diariamente enviadas aos professores para utilização nas aulas. Manejo de pragas que acometiam o setor, período de plantio, adubação, foram algumas das principais aulas gravadas utilizando esse material. Com cerca de mil alunos matriculados, o curso contribuiu com a capacitação de profissionais mais humanizados para o mercado de trabalho e a viabilização de sistemas produtivos que garantam a qualidade desejada pelos consumidores e o retorno econômico almejado pelos produtores.

O que pode ser constatado no relato do aluno José Dantas de Medeiros: “O curso me proporcionou um conhecimento único, como trabalhar com a terra de forma conservacionista, revolvendo o mínimo de terra”. Seguindo essa visão, José Dantas tratou logo de começar seu próprio negócio de plantação de mudas orgânicas, numa estufa que ele próprio construiu, sozinho, utilizando técnicas de reciclagem aprendidas no curso para reduzir os custos. “Nunca assentei um tijolo, mas como estava estudando sobre plantio, busquei também estudar sobre como fazer a construção”. Além da enxerteira e tomateira, José também tem utilizado os conhecimentos do Novos Caminhos para a preparação de fertilizantes e defensivos naturais. 

O aluno José Dantas construiu sua estufa com conhecimentos adquiridos no curso. Foto cedida.


CRIATIVIDADE PARA ATENDER À NOVA DINÂMICA DE AULAS

A dinâmica das aulas do Novos Caminhos exigiu flexibilidade e criatividade do corpo docente. Professora do curso de Horticultor Orgânico, Patrícia Silveira contou que sua primeira experiência com EaD foi quando ministrou a disciplina de Agroecologia no curso de Técnico em Grãos, na cidade de Formosa/GO. As aulas eram ao vivo, através de uma plataforma digital que permitia os encontros em tempo real. "No Programa Novos Caminhos tínhamos que gravar as aulas, daí veio a dificuldade de encontrar um espaço adequado, silencioso, havia a preocupação com o som da gravação, volume, a qualidade da Internet, mas fomos adequando tudo isso e conseguimos nos adaptar à nova realidade", relatou. 

Patrícia falou também que, mesmo ela e outros professores que já tinham experiência com o ensino remoto, ficaram apreensivos com o uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), por não terem conhecimento prévio sobre como manusear a plataforma. Esse impacto inicial foi logo dissipado e o curso foi desenvolvido com sucesso. "Tivemos uma dinâmica muito boa na troca de conhecimento com os alunos, não só na interação pelos fóruns, mas também durante as webconferências. Os alunos participavam interagindo e nós, professores, procuramos apresentar o conteúdo de forma mais leve, para que todos entendessem, independente de já terem ou não uma formação na área", ressaltou. 

Os desafios relatados pela professora Patrícia também foram compartilhados por sua colega de curso, a professora Luany Silva. "As aulas a distância foram desafiadoras, tivemos que driblar os ruídos nas gravações, bem como aprender algumas tecnologias como de gravação, edição, mas todas essas dificuldades foram sanadas com muita paciência e dedicação para montarmos um material didático, dinâmico e dialógico para nossos discentes, de maneira que o ensino-aprendizagem fosse eficiente e principalmente compreendido pelo nosso público alvo que é o principal foco dessa construção", ponderou.

Segundo a professora, por meio das conferências online foi possível chegar mais próximo dos alunos, permitindo, assim, saber as principais dúvidas e dificuldades enfrentas nas aulas. "As webconferências funcionaram como canal de diálogo que muito contribuiu para o aprimoramento das atividades ministradas durante o período do curso". Apesar das dificuldades encontradas, Luany vê no ensino remoto a oportunidade para auxiliar aqueles alunos que não têm tempo para fazer um curso de forma presencial. "Umas das vantagens do ensino remoto é chegar nesse público que trabalha e, apesar da rotina cansativa do dia a dia, está disposto a sempre compartilhar experiências", finalizou.