Mercado da forragicultura é promissor

26 nov 2020 Compartilhar

“Quem vai trabalhar na área de produção animal tem que empreender”, afirma Emerson Aguiar, coordenador do curso de forragicultor, do Programa Novos Caminhos, da Escola Agrícola de Jundiaí. As atividades das primeiras turmas encerram neste mês de novembro. O empreendedorismo foi um dos pontos que recebeu atenção frequente no decorrer das aulas.

O coordenador chama atenção para a distância que existe no Brasil entre quem produz e quem estuda. O mais comum é que os empresários continuem atuando como seus pais costumavam fazer. Os estudantes, por outro lado, geralmente vêm de áreas urbanas, com pouco ou nenhum contato prévio com o campo. Unir essas duas realidades poderia gerar mudanças significativas no mercado. “Quem vai estudar ciências agrárias tem que saber que o trabalho dele é no meio rural e quem vai trabalhar na área de produção animal tem que empreender”, avalia.

Por isso ele diz que o incentivo ao empreendedorismo está sempre presente em suas aulas. Para o coordenador, não é preciso ser um grande produtor para alcançar um bom retorno financeiro. Em cálculos rápidos, ele mostra, por exemplo, que em uma área de 4 hectares é possível se obter uma renda mensal de R$6mil a R$8mil. “Quantas pessoas têm esse salário aqui?”, reflete. O cooperativismo também pode ser uma excelente alternativa para quem deseja ter seu próprio negócio: “juntem três, quatro alunos numa sociedade e vão produzir”, estimula.


Mercado carente de soluções profissionais
O forragicultor é o profissional que conhece e atua na produção das plantas mais adequadas para a alimentação animal e o mercado brasileiro oferece muitas oportunidades para os concluintes do curso que desejam iniciar seus negócios. Consolidado como maior exportador de carne do mundo desde 2004, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o Brasil é o país que detém o maior rebanho bovino, com 213,68 milhões de cabeças, registradas em 2019, com tendência de crescimento. O cenário é otimista e um dos motivos é que há muito espaço para ser melhorado.

Para Emerson Aguiar, os índices zootécnicos no país ainda são baixos e podem mudar com informação e tecnologia. Essa é uma das questões que, solucionadas, podem elevar ainda mais a produção no país. Um dos dados para o qual ele chama atenção está relacionado à quantidade de animais em determinado rebanho que poderão ser abatidos no ano, a taxa de desfrute. No Brasil, esse percentual é de aproximadamente 20%, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, é de 60%.

Um dos pontos que podem melhorar a produção é a utilização adequada da alimentação dos animais. O forragicultor pode encontrar soluções adequadas e lucrar. Segundo o coordenador, as pastagens no país sofrem por falta de planejamento. Elas devem durar no mínimo 40 anos, mas no Brasil duram pelo menos 4 anos. “Isso acontece porque o produtor aumenta a taxa de rotação, coloca animais demais ou coloca animais de menos. Falta planejamento forrageiro”, analisa.  E falhas como essa refletem diretamente no custo da produção: “60 a 70% do custo do animal está na alimentação. Se você consegue diminuir isso, aumenta a sua receita”, diz.


Difusão de Tecnologia
Segundo o coordenador, o maior desafio da pecuária nacional é a difusão de tecnologia, mesmo tendo o maior capital tecnológico de produção animal na área tropical: “nenhum outro país chega a produzir o que a gente produz. Nós produzimos barato em quantidade e com qualidade. Mas falta uma difusão de tecnologia maior, melhorar o nível de escolaridade no meio rural, porque ela é muito baixa”.

Segundo Emerson Aguiar é comum ver produtores não acreditarem em inovação tecnológica, e só costumam dar atenção ao tema, quando perdem sua produção. “Há quem perca o rebanho inteiro. Imagine você perder 200 vacas, uma média de R$5 mil por cabeça!”. Assim, cursos como o de forragicultor, oferecido de forma gratuita, a distância e por professores universitários, são ferramentas importantes para estimular mudanças nesse cenário. “A pessoa que assiste a esse curso, acredita e faz é uma a mais que entra no mercado de trabalho”, avalia.